Fecho os olhos e lhe vejo, todo o tempo em silêncio;
Em um cintilar existencial, sua formosura me enclausura;
Sei que ao descerrar os olhos, restar-me-á apenas um frágil solstício.
E quando a reflexão adoece o coração, alguma hipótese pode ser a mais concreta estrutura.
E apenas alçamos alguma ação em andamento, pra sentir no peito,
Aquilo que é comum de se sentir, quando a indiferença ascende à falta de pleito.
E a solidão assume-se como a eterna companhia, que jamais abandonará o leito.
E talvez o mais terrível seja continuar a respirar, sabendo que o fracasso é a resina de qualquer feito.
E quando se congela num instante aquela eternidade desvinculada de tradição,
A reflexão articula a destruição de algum poder prático, que esfacela a introdução
Do que na oração é a graça dos que assumem o esquecimento como força do coração.
Não fecho mais os olhos assim, pois até onde ainda reino você já se configura como a minha própria ausência,
Minha própria falência de possibilidade, minha carência que perfaz uma promessa de sua felicidade,
Não fecho mais meus olhos, não vou mais acordar como conseqüência de minha própria abstinência.